Quando a gente é criança, o mundo é um lugar meio assustador, e tudo piora quando vai caindo a noite. Eu não podia ver um comercial de um filme de terror que já ficava apavorado. E uma das coisas que mais me assustavam era o escuro. Meu quarto ficava nos fundos da casa, e eu não tinha abajur, por isso eu tinha medo dos monstros me pegarem enquanto eu dormia. Meus pais sempre me falaram que monstros não existiam, e que eu já era um homem, por isso eu precisava ser corajoso, mas era difícil pra mim. Um dia, meu tio me deu uma caixa com várias revistinhas de super heróis, como: Superman, Batman, Homem-Aranha... E uma delas era sobre um homem totalmente oposto a mim: o Lanterna Verde.
Eu tinha medo de tudo, ele não tinha medo de nada. Droga, meu maior medo era o escuro, e o cara transformava a luz em arma? Em alguns minutos eu li todas as revistinhas daquela caixa que falavam sobre Hal Jordan. Eu comecei a me espelhar bastante nele, pois o meu pai trabalhava em uma fábrica de pólvora, e meu maior medo era acontecer algum acidente e ele não sobreviver, assim como aconteceu com o pai do Hal. Foi então que eu parei pra pensar: Porque o escuro é tão assustador? Se aquele cara conseguiu superar todos os medos dele, se ele conseguiu superar a morte do próprio pai pra salvar as outras pessoas, então eu também consigo encarar um escurinho de nada. Claro, não vou dizer que uma revistinha me ajudou mais do que a presença dos meus pais, mas pra mim, toda vez que o medo começava a me bater eu pensava no Lanterna Verde, quase como um anjo da guarda, através do qual o medo não passa.
Eu era um menino de uns 6 anos de idade, e daquele momento em diante, eu era um Lanterna Verde. Nunca mais tive medo de escuro, ou de qualquer outra coisa. E isso fico marcado, sabe? Hoje, quando eu lembro de como eu era inocente e de como aquilo me deu forças, eu abro um sorriso, pois mesmo sabendo que o mundo é muito mais assustador do que eu pensava, sabendo que meus pais não estão mais aqui pra me defender, eu ainda consigo ter força de vontade.
Na época eu não tinha muito dinheiro, então não podia acompanhar as aventuras dos meus heróis favoritos, mas com aquelas poucas revistas eu consegui aprender lições valiosas, que me ajudaram . Então irei compartilhar com vocês, nesta nova coluna, algumas das lições que eu aprendi com os heróis da minha infância, e espero que seja tão proveitoso para vocês quanto foi pra mim.
P.S.: Eu resolvi postar esse texto novamente pra que eu pudesse fazer algumas mudanças nele próprio, e na coluna em si, pois preferi não dar nenhum título à ela, pra que ficasse o mais íntimo (ui!) possível dos leitores. Bom... é só isso só :)
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