O Rock in Rio é o que sempre foi

Chegou ao fim a edição do Rock in Rio 2011, com um show sem fôlego de Axl Rose e Cia. Muitos foram os comentários sobre esta edição, sobre a mistura de gêneros do evento e as apresentações. Falaram mal da linda cantora Claudia Leite, mas principalmente do próprio Axé, que é, depois do Samba, o gênero musical mais repudiado pelos rockeiros. E por esses comentários eu vim hoje fazer esse humilde texto, e dizer que quem falou esse monte de merda sobre o Rock in Rio 2011 é, no mínimo, desinformado.

Em 1985 se encerrava um capítulo doloroso na história do nosso amado Brasil, e em sinal de liberdade e felicidade, o empresário Roberto Medina idealizou o que seria um dos maiores eventos do mundo, e o maior do país, o Rock in Rio. O que muitas pessoas talvez não entendam muito bem, é que o ROCK, no nome do evento, é justamente para representar a liberdade do povo brasileiro, e não se tratava necessariamente de um evento com gênero exclusivo. O problema é que a maioria das pessoas que ficaram dizendo merda sobre a edição desse ano não conhecem a história do RIR, e não sabem que ele sempre foi eclético. Abaixo está a programação do evento de 1985. Vejam quantos nomes de fora do Rock n' Roll:

Elba Ramalho, Gilberto Gil, Moraes Moreira, Erasmo Carlos. Todos nomes do MPB, que na época era muito apreciado, assim como o Axé é hoje. Então quem critica a escolha das bandas nessa edição, provavelmente não tem conhecimento de como eram as primeiras. A minha única reclamação ao Rock in Rio 2011 é: A falta de respeito com bandas como Angra e Sepultura, que tocaram no palco secundário com uma péssima equipe de som, enquanto NX-0 tocava no palco mundo. Por mais que o NX seja melhor que o Restart, eles ainda não tem culhão pra tocar em palco principal.

Os adolescentes rebeldizinhos da minha geração (1990) precisam abaixar a crista, e ter mais respeito. Ficar com essa babaquice de querer "puro Rock" é coisa de adolescente virgem revoltado. Ivete Sangalo e Claudia Leite são duas das maiores cantoras que esse país já viu, e suas apresentações foram melhores do que as de muitos gringos que passaram por lá. E falando em apresentação ruim, minha banda favorita, Guns n' Roses, decepcionou, pelo menos pra mim, com a voz totalmente fraca de Axl. Claro que o monte de farinha que ele cheirou antes do show deve ter ajudado, mas a voz dele não é mais a mesma, e isso é fato.

O que a gente tem a fazer agora é curtir as lembranças, dessa e das outras edições do Rock in Rio. Relembrar momentos com Queen, AC/DC e Barão Vermelho. As canções históricas, acompanhadas pela multidão ensurdecedora que não fazia mais nada além de beber e gritar. E pra seguir com essa pensamento, vou encerrar com dois vídeos, da atual edição do Rock in Rio e da de 85. Duas das melhores apresentações de cada edição. De 2011, a banda que, sem sombra de dúvida, foi a melhor do evento: Coldplay, com Fix You; e na de 85, obviamente, Queen, com Love of my life, e o maior coro da história do Rock n' Roll.

P.S.: Eu pesso desculpas por não ter deixado claro a parte da comparação do MPB e Axé. Tenho total conhecimento da posição que Morais Moreira e Gilberto Gil, por exemplo, tinham naquela época, e nunca os compararia à Claudia Leite ou Ivete. O que eu tentei dizer foi o seguinte: Rock in Rio nasceu como uma expressão de liberdade, mas hoje é apenas um evento musical, e assim como o MPB era famoso na década de 80, o Axé é famoso hoje. Por isso, sendo ele um evento eclético, é natural incluir este gênero em sua propgramação. Eu não falei sobre os cantores, falei sobre o gosto do PÚBLICO. Porém, me desculpem por me expressar mal. E obrigado a todos pelos comentários.