Aceite quem você é


Eu sempre fui um garoto inteligente, sabe? Um pouco preguiçoso as vezes... mas muito inteligente. Eu sempre tirei notas altas em quase todas as matérias e mesmo tendo aquele pensamento típico de muleque ("eu quero sair dessa prisão!"), eu gostava de estudar. Mas assim como muitos de vocês, eu era um menino tímido e inocente, principalmente com as garotas, e isso me custou momentos de felicidade. Eu não conseguia me relacionar direito com as pessoas, e conforme fui crescendo, fui me afastando ainda mais dos meus "amigos".
Além de ser mais inteligente que a média das crianças da minha idade, eu também era, vamos dizer, mais maduro. Sabe aquelas brincadeiras típicas de muleques de 5ª série, como dar tapinhas no pescoço do outro, até que um peça pra parar? Então, eu sempre era o cara que deixava eles baterem por último pra poder acabar com a brincadeira, pois eu sabia o quanto aquilo era ridículo. Mas quando você é diferente da maioria, mesmo que você esteja certo, você vai estar errado. Eu era maduro, mas pras outras crianças eu era um chorão, que não aguentava nada. E não era só na quinta série que isso acontecia: Mesmo depois da adolescência, eu era excluido de algumas reuniões e festas por ter princípios diferentes dos deles. 
Acho que não posso dizer que tive amigos de verdade em toda a minha vida estudantil, pois nenhuma daquelas pessoas conseguiam me entender por completo, o que sempre me frustrava. Eu ficava pensando: "Droga, por que eles preferem ficar com os 'burrinhos bunitinhos'?". Aos poucos fui deixando de ser eu mesmo, e comecei a esquecer dos valores que aprendi quando ainda era aquele garoto deslocado. Fui reprovado na escola (já que praticamente não ia às aulas), perdi a confiança dos meus pais, ficava bêbado por pura falta do que fazer, e assim fui percebendo que já não sabia mais quem eu era. Havia deixado de ser aquele garoto tímido, mas ainda achava errado me deitar com qualquer uma e beber até de manhã. Não me esforçava tanto nos estudos, porém ainda sentia aquela vontade de aprender, só por aprender. Mas sabe uma coisa que nunca mudou em mim? O orgulho. 
Eu mudei meu jeito, talvez por carência de atenção, mas quando eu percebi que estava errando, ao invés de reverter a situação eu pensei: "dane-se, não vou voltar a ser aquele idiota, eu sou melhor que isso". Dai pra frente fui ficando cada vez pior, pois não aceitava que o certo era o nerd, tímido e de bem com a vida, e o errado era o cara loco, cheio de álcool e mulher (muito mais álcool do que mulher). Então um dia, no meu último ano na escola, eu vi uns caras da minha sala implicando com um garoto de mais ou menos 10 anos. Eles tinham ouvido uma conversa desse tal garoto com um amigo dele, onde ele disse que estava tentando tomar coragem pra chegar em cima de uma menina da sua sala, o que foi motivo de sobra pra ser perturbado. No primeiro momento eu dei muita risada, vendo ele quase chorando com a zoação, mas ai, meio que num momento de clareza, eu me vi ali na pele daquele menino, sendo humilhado na frente de todo mundo. Eu sai da escola na mesma hora, sentindo uma puta vergonha pelo babaca que eu tinha me tornado, e principalmente por ter deixado tudo acontecer, ao invés de ajudar. No final, olhando pro meu passado, eu entendi que ninguém conquista o amor sendo um personagem e, talvez o mais importante, aprendi o que é ser um homem. Hoje eu sei, que não importa a beleza do seu rosto, a sua conta bancária, ou sua lista de ex-namoradas, o que te faz ser um homem de verdade são seus atos. Por isso não cometa meu erro, não seja mais um fútil sem consciência, faça o que é certo, ignore a maioria (pois ela nem sempre tem razão), e aceite as responsabilidades que vêm com a inteligência.
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3 comentários:

Bruno Lima disse...

Caralho, brother, me vi no seu texto.
Pqp.

Anônimo disse...

Meu parceiro... q texto bacana... esse cenário ainda é mto vigente entre os adolescentes e até entre os adultos tb... mto bem colocado... meus parabéns, cara...

estanyslau disse...

A mais pura verdade... talvez eu fosse esse boyzinho de 10 anos... Sempre com medo dos outros me zuar e tals... e por isso nunca me expressava... ainda tenho dificuldades, mas agora faço estilo yao ming... FODA-SE! Só que, é sacanagem ser apenas passivo numa situação dessas!
Tadinho do boy véio!

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